O desprezo de Oliveira Martins pelo povo é notório:
Os juízos do povo são como os que se atribuem a Deus: cegos, aparentemente injustos muitas vezes, são os juízos do Fado que, indiferente a nomes, escolhe à sorte um homem para vítima expiatória de crimes mais ou menos seus. Da mesma forma o povo escolhe os ídolos e os réus.
Competindo com o povo pela conquista do troféu da cólera de um só homem, está a classe política nacional que, embora feita de outro material, é do mesmo modo arrasada pelo autor de Portugal Contemporâneo.
Como é desoladora, melancólica, a história fúnebre de todos estes homens que a desesperança ou a fraqueza atiram como farrapos, sucessivamente para o lixo das gerações! Que singular poder tem a anarquia das ideias, o império dos institutos soltos, das quimeras aladas fugitivas, para despedaçãr os caracteres e perverter as inteligências!