quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Sobre um livro de Saramago



Na semana passada, li um livro de José Saramago que dá pelo nome de Levantado do Chão. Como já tinha lido vários livros do mesmo autor, estranhei quando ouvi algumas das acusações que algumas pessoas próximas levantavam contra esta obra. Afinal, apesar de toda aquela prosápia estilística de Saramago e dos conteúdos políticos simplesmente grotescos, o homem ainda escrevera obras dignas de realce, como o inevitável Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Ensaio Sobre a Cegueira. Obras como O Envangelho Segundo Jesus Cristo e Intermitências da Morte também não me tinham desagradado muito. Acontece que Levantado do Chão é intragável, ilegível e absurdo. Nem é preciso ir pelo estalinismo da obra. Basta ler a obra de um modo virado para a arte pela arte. Não me sendo estranho muito do que se passou no neo-realismo, confesso que esta é das obras mais mal escritas que já li. Não me lembro de outra que se equipare. Poder-se-ia argumentar que este é apenas o 13º livro lançado pelo homem. Mas o argumento não é válido. Só escreverei bem a partir do 15º? Voltando ao neo-realismo: dentro do género, Saramago foi dos que pior escreveu. Com efeito, também foi dos que menos se comprometeu com as causas. Se a minha leitura do premiado pela academia sueca tivesse começado com Levantado do Chão, não teria lido mais nada.