sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ele não chega

A Mulher dirige-se para casa após ter comprado um livro na maior livraria da cidade. Gastou mais dinheiro do que queria. Por esse motivo, e ao contrário do que é habitual, não entra no café onde costuma lanchar. Não se pode dar ao luxo de esbanjar. A Mulher pára para observar uma montra de uma loja que exibe uma fotografia de um casamento. «Como a noiva é bela», pensa. Desata a chorar. Chora com saudades. A noiva fá-la lembrar-se de si própria num tempo alegre. A Mulher retoma a caminhada. Pensa nos noivos da montra. Entra no mundo do devaneio. Um vestido de noiva ensanguentado. Um vestido branco manchado de sangue. «O noivo demora a regressar», murmura. «Foi para a guerra e tarda em voltar.» Os meses passam mas Penélope continua a fazer e a desfazer o seu tapete.