
Comprei por acaso, na edição deste ano da Feira do Livro de Lisboa, Poemas, do madrileno Juan Luis Panero (n.1942). Devo dizer que, por cultivar um estilo (a secura ou, como diria Joaquim Manuel Magalhães no prefácio, «a linearidade expositiva» e a «limpidez lexical») e temas (solidão, fracasso, frustração amorosa, morte, velhice) que me atraem, gostei muito da poesia deste autor.
Lendas e Metáforas
Sozinho, na penumbra de outra noite, neste quarto
onde a ténue claridade da lua,
filtrando-se pelas cortinas,
ilumina a mancha e branca do teu cu.
Umas palavras que não pronuncio,
o cheiro morno e ácido do teu sexo,
remotas, retocadas imagens de outros corpos,
algo impreciso e íntimo
como uma conversa de bebedeira
é tudo o que me resta, lendas,
metáforas dos quarenta anos da minha vida.
Lendas e Metáforas
Sozinho, na penumbra de outra noite, neste quarto
onde a ténue claridade da lua,
filtrando-se pelas cortinas,
ilumina a mancha e branca do teu cu.
Umas palavras que não pronuncio,
o cheiro morno e ácido do teu sexo,
remotas, retocadas imagens de outros corpos,
algo impreciso e íntimo
como uma conversa de bebedeira
é tudo o que me resta, lendas,
metáforas dos quarenta anos da minha vida.