Lúcifer não se contenta com a guerra que devasta o reino dos homens. Quer mais. Não chega assistir ao suicídio de guerreiros infelizes, à explosão da bomba atómica, à morte de uma mulher acabada de ser violada por criminosos. Lúcifer só descansará quando todos os filhos de Deus tiverem mordido a mesma maçã que Eva sofregamente trincou e se tiverem destruído. O desejo do fruto proibido a todos condena. Não há pecado que o diabo não queira espalhar. O vizinho tem um objecto que não tenho. Matá-lo-ei. Sou guloso, não partilho os doces com ninguém. Matar-me-ão. As crianças feias desventram a criança bonita. Frequento os melhores bordéis. Piso os pobres. Os mendigos esmagar-me-ão. Quero o poder todo para mim. Aí vem o traidor com a faca. A vaidade. Sou tão belo, tão belo, que acabarei a servir de pitéu para as larvas que se escondem no subsolo. Lúcifer passeia-se pela Terra, espalha os pecados que traz dentro da sacola e sente-se satisfeito.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Lúcifer
Lúcifer não se contenta com a guerra que devasta o reino dos homens. Quer mais. Não chega assistir ao suicídio de guerreiros infelizes, à explosão da bomba atómica, à morte de uma mulher acabada de ser violada por criminosos. Lúcifer só descansará quando todos os filhos de Deus tiverem mordido a mesma maçã que Eva sofregamente trincou e se tiverem destruído. O desejo do fruto proibido a todos condena. Não há pecado que o diabo não queira espalhar. O vizinho tem um objecto que não tenho. Matá-lo-ei. Sou guloso, não partilho os doces com ninguém. Matar-me-ão. As crianças feias desventram a criança bonita. Frequento os melhores bordéis. Piso os pobres. Os mendigos esmagar-me-ão. Quero o poder todo para mim. Aí vem o traidor com a faca. A vaidade. Sou tão belo, tão belo, que acabarei a servir de pitéu para as larvas que se escondem no subsolo. Lúcifer passeia-se pela Terra, espalha os pecados que traz dentro da sacola e sente-se satisfeito.