segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A entrevista de VPV


A entrevista de Vasco Pulido Valente ao Expresso não traz nada de novo ao mundo, no entanto, toca num ponto essencial em relação às humanidades e à ciência em Portugal. Em primeiro lugar, Pulido Valente diz uma coisa óbvia mas fulcral: não é possível fazer carreira de historiador em Portugal. Depois, refere que a história portuguesa é paroquial. Mais adiante, Pulido Valente confessa que começou por gostar dos grandes temas europeus da história, tais como o nazismo ou a Revolução Francesa. Todavia, como naquele tempo não se admitiam teses sobre temas que atravessassem a fronteira, Pulido Valente viu-se obrigado a estudar a vida portuguesa. Para sua grande tristeza.

Devo confessar que partilho todas estas ideias com Pulido Valente. Ponto um: o homem tem livros de história tão bons que merecia mais do que acontecimentos como a saldanhada. Ponto dois: fazer vida académica neste país em ciências sociais, e mais particularmente em história, é caso quase impossível. Ponto três: a história portuguesa é realmente paroquial. Ponto quatro: ainda mal se aceitam teses sobre os grandes temas internacionais nas nossas universidades.