quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fundo sem fim



O erro do costume. Não esquecer. Permanecer, como uma estaca na rocha, agarrado às sombras. Não esquecer as unhas da mulher cravadas nas minhas costas, o sorriso prazenteiro e o cheiro, o cheiro, cometer o mesmo erro, alimentar um tempo que acabou, o cheiro dela no meu nariz, perfume, suor, sorriso, unhas cravadas nos ombros. Esquece-a. Os joelhos no calhau, a testa no calhau, o ar de súplica, que a esqueça. Sentimento insuportável. Ácido nas veias. Tenho um buraco. Um fundo sem fim.