domingo, 28 de outubro de 2007
Robert Walser : desaparecer
Robert Walser é um escritor que ficará para sempre dentro de mim, às voltas, a penetrar, a furar, a matar. Desde o último livro do suíço que tive nas mãos, já li muitos outros autores, já peguei em muitos outros temas. Todavia, quer o destino que o suíço não me saia da cabeça. E, por mais frases que cite, a verdade é que o peso que Walser exerce em mim tem mais que ver com a sua vida do que com a sua obra. Apesar de todos os seus livros serem excepcionais, ao alcance de poucos, o que me está na imagem é a vida do homem. Um homem sozinho, cansado do mundo e dos outros homens, decide parar de escrever. Refugia-se num asilo, num manicómio. Deixa de escrever. Robert Walser é isto, um desaparecido. Quando penso no assunto, fico com um jardim e um senhor de idade na cabeça. Imagino neve. Chuva. No fundo,Robert Walser foi criando em mim uma indizível sensação de sonho. E esse sonho deixou de ser só papel. É também a solidão de um homem que enlouqueceu com os dias. É, essencialmente, a solidão.